Ricardo Dih Ribeiro
11/10/2021 20:11:22
Viena, 1902. A cultura europeia havia começado a vivenciar uma nova era. Literatura, música, arquitetura, lógica e pintura desenvolviam-se em novas vertentes mais modernas, que viriam a influenciar as artes no decorrer de todo o século. Arthur Schnitzler, Arnold Schönberg, Johannes Brahms, Gustav Klimt e Hans Kelsen são alguns dos (muitos) destaques desse período. Suas obras, atemporais, são estudadas e admiradas até hoje. Nesse cenário de inovações, Freud, cujas ideias ainda não haviam encontrado aceitação pela comunidade científica, sentiu a necessidade de encontrar interlocutores para debater seus conceitos. Um ex paciente, Wilhelm Stekel, sugeriu então que montassem um grupo de discussão. Assim surgiram as primeiras reuniões, que incluiam médicos, educadores e escritores, entre outros entusiastas do que viria a ser a psicanálise. Apesar dos encontros terem início em 1902, só começaram a ser registrados a partir de 1908, com a entrada de um secretário remunerado, Otto Rank.
Essas reuniões foram gravadas e posteriormente transcritas por Otto e servem como base para entendimento da psicanálise freudiana, através do estabelecimento dos principais conceitos e teorias: e sua importância reside justamente no fato de ser o primeiro registro dessas reuniões, que culminaram na fundação da sociedade psicanalítica de Viena.
Em Os primeiros psicanalistas encontramos o behind the scenes desses primeiros encontros, que detalham as discussões entre os grandes intelectuais da época. Alguns termos e noções que só foram manifestados concretamente em obras posteriores, já despontam nesse livro como tópicos de debate.
Traduzido pela primeira vez diretamente do alemão, essa edição, que é o primeiro de quatro densos volumes – tanto em questão de conteúdo quanto de corpo – dá início à coleção Atentado, dentro selo Scriptorium (umas das primeiras parcerias de produções editoriais independentes do EdLab). Os primeiros psicanalistas, lançado em maio de 2017.
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